Soneto 144
Meus dois amôres de consôlo e de aflição
Como dois anjos me dominam por igual:
O anjo do bem é um formosíssimo varão,
E uma mulher de côr bem má o anjo do mal.
Para levar-me para o inferno mais depressa
Meu feminino mal tira o anjo do meu lado
E só por transformá-lo em diabo se interessa,
Solicitando-o com um ardor abominado.
Se o anjo se fêz demônio, eis ponto algo encoberto:
Bem posso desconfiar, porém não asseguro:
São amigos, e como eu não os vejo perto,
Que um esteja no inferno do outro conjeturo.
Sôbre isso viverei em dúvida, porém,
Até que o anjo do mal expulse o anjo do bem.
William Shakespeare
Tradução de Péricles E. S. Ramos
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
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