segunda-feira, 26 de outubro de 2009

CINEMA COMENTADO

Nesse final de semana revi o grande documentário do Peter Cohen, Arquitetura da Destruição, é um documentário, um dos melhores a meu ver, que trata de como o ideal nazista se transformou num verdadeiro projeto, numa arquitetura, para destruir tudo o que fosse diferente desse ideal. No domingo, no Cinesesc, vi o fantástico AMEN, do Costas Gavras, um filme muito bom que trata do envolvimento, da omissão da igreja católica acerca do genocídio de judeus pelos nazistas. Tanto em um como no outro, e através das discussões que sempre ocorrem depois dos filmes, pude ver o quanto o ideal nazi era algo que estava no cerne daquele povo, do povo alemão...Hitler, me parece, fez o ato do que já estava lá, no coração do povo, no ideal da sociedade alemã...


ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO (1989/1992), documentário consagrado internacionalmente como um dos melhores estudos já feitos sobre o nazismo no cinema. O filme de Peter Cohen lembra que chamar Hitler de artista medíocre não elimina os estragos provocados pela sua estratégia de conquista universal. O veio artístico do “arquiteto da destruição” tinha grandes pretensões e queria dar uma dimensão absoluta à sua megalomania. O nazismo tinha como um dos seus princípios fundamentais a missão de embelezar o mundo. Nem que, para tanto, destruísse todo o mundo.
ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO destaca a importância da arte na propaganda, que por sua vez teve papel fundamental no desenvolvimento do nazismo em toda a Alemanha. Para os nazistas, as obras modernas distorciam o valor humano e, na verdade, representavam as deformações genéticas existentes na sociedade; em oposição defendiam o ideal de beleza como sinônimo de saúde e, consequentemente, com a eliminação de todas as doenças que pudessem deformar o "corpo" do povo. O filme dedica, ainda, um bom tempo à perseguição e eliminação dos judeus como parte do processo de purificação, não só da raça, mas de toda a cultura, mostrando o processo de extermínio.
ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO perturba ao revelar a apropriação ideológica e política da arte como instrumento de convencimento e manipulação do indivíduo: um filme profundamente atual e verdadeiro. Classificação etária: 14 anos.

AMÉM (2001), produção do diretor Costa-Gavras. Durante a 2ª Guerra Mundial, um oficial da SS, desenvolve um produto para tornar mais eficiente a limpeza de tanques. Seu produto, porém, é utilizado para matar os judeus nos campos de concentração. Horrorizado, ele procura o jovem padre Ricardo Fontana que, sendo de família influente, poderia solicitar a interferência do Papa Pio XII para impedir o genocídio dos judeus. A trama acompanha a saga desses personagens: um movido pela culpa, outro pela consciência; e toda a intensa luta para salvar milhões de judeus. Ao mesmo tempo, o filme recupera uma polêmica que persegue a igreja católica até hoje: Qual o seu papel na 2ª Guerra? É possível ser cristão e nazista?
Sem evitar os dilemas políticos e éticos, Costa-Gravas nos mostra que o humano é muito mais do que parece ser, e que os acontecimentos de uma guerra deixam as pessoas cegas para aquilo que não querem ver. O diretor apresenta os “bastidores” do conflito e forma sua versão sobre a guerra, na qual Igreja, EUA e demais aliados estavam pouco se importando com o possível massacre de judeus no interior alemão. Com ritmo preciso e trilha sonora envolvente, AMÉM é um bom sinal de que o cinema europeu continua produzindo obras com forte conteúdo crítico: é um filme intenso, provocante, histórico e que discute corajosamente a relação polêmica entre o Vaticano e o III Reich. Classificação etária: 14 anos.

O Cinema Comentado Cineclube acontece todo sábado, a partir das 19h, na sala 44 do Sesc – Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). A entrada é gratuita e há sempre um bate-papo após as exibições.

O CineSesc acontece em parceria com o Cinema Comentado Cineclube e a Programadora Brasil, apresentando sessões todos os domingos, no Salão de Convenções do Sesc-Pousada Montes Claros, a partir das 19h (novo horário). O endereço do Salão é Rua Viúva Francisco Ribeiro 199 (Ginásio do Sesc). As sessões são gratuitas, abertas a todos os interessados, e depois acontece um bate-papo com a platéia sobre o filme apresentado.

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